'Médico disse que ele poderia perder as duas mãozinhas', diz conselheira tutelar sobre adolescente que relatou ter sido queimado no fogão no RS
03/10/2025
(Foto: Reprodução) 'Médico disse que ele poderia perder as duas mãozinhas', diz conselheira tutelar
A conselheira tutelar que atendeu o caso do adolescente que relatou ter as mãos queimadas pela mãe diz que ficou "sem chão" com o episódio. Segundo Karina de Vargas Barbosa, a situação do menino de 15 anos causou impacto até nos médicos que fizeram o primeiro atendimento.
"Eu não conseguia olhar, fiquei sem chão. Quando o médico disse que ele poderia perder as duas mãozinhas, foi quando nos chocou. Uma mãe que tem que proteger um filho, né? Fazer uma crueldade dessas...", relata a conselheira tutelar.
A mãe do adolescente foi presa preventivamente nesta quinta-feira (2) em Balneário Pinhal, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, suspeita de tortura. Segundo a Polícia Civil, além das queimaduras, o menino teve sal aplicado nas feridas, o que teria agravado o sofrimento do adolescente.
O caso veio à tona após a escola do adolescente comunicar a ausência dele por 10 dias. Assim que retomou os estudos, o estudante estaria com as mãos enfaixadas e teria relatado para a escola que havia sido queimado pela mãe em um fogão, como forma de castigo por supostamente ter furtado um vizinho.
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De acordo com outra conselheira tutelar que atendeu o caso, o menino tentou explicar as queimaduras sem citar a mãe em um primeiro momento, mas depois contou a história que levou à prisão preventiva.
"Ele disse que tinha queimado na gordura da banha do fogão. Só que ele estava muito nervoso, então eu perguntei: 'tu tem mais algo para falar?' Aí ele disse: 'então vou falar a verdade, minha mãe queimou'. Ele disse que a mãe ligou os dois bicos do fogão, desligou quando estava bem quente, colocou as mãos dele em cima e apertou bem forte. E aí queimou", conta Maria Elaine de Almeida.
No hospital, foram identificadas queimaduras de terceiro grau nas duas mãos, além de sinais de infecção avançada e odor característico de necrose.
A mãe foi localizada no bairro Magistério e encaminhada ao sistema prisional após os procedimentos legais. A prisão aconteceu durante a terceira fase da Operação Elo de Proteção, que tem como objetivo reforçar o combate a crimes contra pessoas em situação de vulnerabilidade.
A mulher deve responder, durante a investigação, pelos crimes de tortura e omissão de socorro. O adolescente permanece internado e segue em tratamento para recuperação das lesões e da sensibilidade das mãos.
Filho relata ter sido queimado no fogão pela própria mãe, diz polícia
Divulgação/ Polícia Civil
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